O Projeto anterior discutiu a compreensão linguística ocorrente e espontânea. Este projeto pretende focar a compreensão disposicional, isto é, a noção de competência semântica, concebida de maneira realista como conjunto de disposições, e não de maneira idealizada à la Chomsky. Para tanto, precisamos aprofundar a noção de disposição. A noção de disposição foi tratada com desconfiança pela tradição empirista, tão influente na filosofia da ciência da século XX, e na filosofia analítica, de modo geral, até os anos noventa. Muitos filósofos, nessa tradição, eliminam as disposições através de uma análise condicional . Essa situação perdurou até recentemente, quando a metafísica analítica começou a ganhar credibilidade, e quando se fez sentir a influência dos filósofos australianos nas duas últimas décadas. As disposições ou poderes sempre foram invocadas para explicar a posse de conhecimento, incluindo, é claro, o conhecimento do significado, ou seja, a competência semântica. Os australianos adotam e defendem uma visão realista das propriedades disposicionais que nos parecem mais interessante para nosso principal objetivo: desenvolver uma noção de competência semântica que leva em conta: 1) a plasticidade do sentido; 2) a normatividade do sentido; 3) as discrepâncias na competência entre falantes/ouvintes de uma mesma língua; 4) o poder explicativo da competência aplicado ao uso efetivo da linguagem (performance) e da compreensão lingüística espontânea.
-COMPREENSÃO LINGÜÍSTICA ESPONTÂNEA
O objeto da pesquisa é a compreensão lingüística espontânea nas línguas naturais. Uma preocupação central deste projeto é descrever corretamente a relação complexa entre a compreensão disposicional e a compreensão ocorrente. A compreensão disposicional é a compreensão do significado de enunciados de todo tipo sintático (declarativo, interrogativo, imperativo, exclamativo) em virtude das convenções e regras da língua. A compreensão ocorrente é a compreensão de enunciações, isto é, ações realizadas em contextos de fala por certas razões. A principal hipótese de nosso trabalho é que a compreensão lingüística ocorrente é dependente do contexto (context-dependent), enquanto a compreensão disposicional precisa ser relativamente estável entre os membros de uma mesma comunidade lingüística. Por isso a teoria do significado mais apropriada para uma concepção adequada da compreensão lingüística é a teoria contextualista do significado. Outra hipótese central diz respeito à natureza da compreensão lingüística: entre percepção e inferência, acreditamos como Burge, Millikan e Recanati que a compreensão envolve basicamente um tipo de percepção; noutras palavras, na comunicação e compreensão mútua (nas línguas naturais), nem tudo é inferência (pace Grice, Sperber & Wilson, Brandom). Finalmente, tentaremos desenvolver uma concepção disposicionalista e antiintelectualista da competência semântica inspirada de Michael Polanyi, Gareth Evans e Hilary Putnam, rebatendo a chamada concepção epistêmica da competência e as teses de Stanley e Williamson sobre a possibilidade de reduzir o saber como (knowing how) ao saber que (knowing that)
-AÇÃO, CONTROLE CONSCIENTE E NORMAS
O objetivo principal desta pesquisa é defender uma versão de mentalismo (a crença na existência de fenômenos "mentais" como percepções, sensações, crenças, desejos, intenções, lembranças, dores, etc.) compatível com o naturalismo, insistindo sobre a necessidade do controle consciente como condição necessária de atribuição de uma ação a um agente. Para tanto examinaremos as relações analíticas entre ações, controle e normas. Normas existem porque existem agentes capazes de aplicá-las ou de agir em conformidade com elas. Todas as nossas ações são suscetíveis de uma avaliação normativa, mesmo quando, de fato, nenhuma norma explicitamente formulada rege nossas ações.
Projetos de Extensão:
Áreas de Interesse:
Filosofia Analítica
Lógica e Epistemologia
Disciplinas:
Total de Créditos
Universidade Federal do Ceará
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